A jornada profissional de Adriane Borges.
Para bancar sua história hoje, Adriane acredita que precisa voltar no tempo e recordar o início da sua trajetória profissional. De origem humilde, foi criada pela mãe Clara (in memoriam) ao lado dos três irmãos. Os pais se separaram quando ela tinha um ano.
Bem cedo começou a revender cosméticos para contribuir com o orçamento familiar, demonstrando desde jovem iniciativa, proatividade e espírito empreendedor. Aos 13 anos, saiu em busca de um trabalho fixo. “Na maioria dos lugares que pedi emprego, me rejeitaram por eu não ter experiência e ser muito nova”, conta. Mas para ter experiência, ela precisava de uma oportunidade.
Desmoronou diante de inúmeras pessoas e do recrutador de um supermercado, quando mais uma vez, foi rejeitada. “Eu desabei, chorava mesmo, inconformada, pois precisava trabalhar”, conta.
Foi a única vez que precisou buscar emprego. Naquele momento, Adriane conseguiu trabalho como “assistente de checkout” na extinta Rede Riachuelo de Mercados.
“O serviço era feito por homens. O recrutador disse que iria inovar me colocando naquela função”, lembra.
Ficou por três meses fazendo aquele serviço, quando foi promovida à caixa.
Seis meses depois, ela foi convidada a trabalhar no Banco Mercantil do Brasil. O gerente era cliente no mercado e, percebendo o jeito atencioso e gentil com que Adriane atendia as pessoas, resolveu fazer uma proposta de trabalho. “Eu preciso de alguém como você para trabalhar com aberturas de contas”, recorda Adri. Ela ficou animada, mas a mãe inicialmente rejeitou a
ideia. Nem a deixou ir até o banco. O gerente a sondou novamente poucos dias depois. Disse para ir e levar a mãe junto para saber mais sobre a função. Ela aceitou a proposta e teve o apoio da mãe. Estava tão feliz no novo trabalho. Nem imaginava que ficaria por apenas dois meses. A matriz do banco no Rio de Janeiro não a admitiu por causa da idade.
O gerente, sentindo-se responsável, prometeu lhe arrumar um novo trabalho.
Por indicação dele, Adriane foi admitida na antiga Schneider Bombas, como recepcionista e telefonista. Ela saía do bairro Boa Vista para trabalhar no América. Acordava às 5h30 para estar no trabalho às 7h. Fazia o trajeto de ônibus até o Centro e depois caminhava até chegar à empresa. Saía do trabalho direto para a escola. Voltava para casa às 23h.
Naquele período, teve contato com muitas pessoas e acabou sendo convidada para trabalhar em uma transportadora como promotora de vendas.
Passou por três empresas diferentes deste segmento. “Fiquei conhecida na cidade por ser a primeira mulher a atuar nesta área. E eu fui de uma empresa á outra porque vinham me procurar para oferecer uma oportunidade com salário maior”, recorda. Ela mantinha a venda de cosméticos em paralelo ao trabalho na transportadora e fazia os cursos estéticos sempre
que tinha oportunidade.
Em 1990, ela decidiu fazer o curso de Massoterapia na escola de Santa Maria (RS), logo passou a atender clientes em casa, no bairro Costa e Silva, onde morava.
Pediu demissão e começou o próprio negócio em 1991. “Minha maior conquista nesta trajetória, com certeza, não foram os bens materiais, mas a evolução como pessoa, pelas trocas e vivências com cada um que passou por mim ao longo de todos
esses anos”, finaliza.